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quinta-feira, agosto 26, 2004

Mulheres prás ondas!

Saudações caros leitores!

A caminho de Portugal vem um navio: o Aurora, "o Barco do Aborto" como é conhecido vem dar oportunidade às mulheres portuguesas que queiram realizar a interrupção voluntária da gravidez em segurança e com os devidos cuidados médicos.

Portugal, assim como a Irlanda e Polónia, permanece como represantante dos países onde a opção de interrupção de gravidez ainda é penalizada. Continua-se a fazer fortunas a realizar verdadeiros atentados à saúde das mulheres.

Mas vamos lá esclarecer uma coisa antes de avançar.

Eu não sou apologista da massificação do aborto, nem acho que isso seja uma boa medida anti-concepcional. Sou defensora de um acompanhamento dessas situações em instituições hospitalares com condições para evitar casos mais danosos como as que são relatadas nos meios de comunicação social, mulheres que recorrem a essa prática clandestina em meios pouco higiénicos e que acabam por morrer.

O último caso que tive conhecimento foi o de uma mulher que foi encontrada morta, abandonada num caminho porque a 'intervenção' tinha corrido mal e não convinha nada saber-se quem teria sido o assassino, ou assassina. Sim meus amigos, são verdadeiros crimes que o Estado quer perpetuar com esta penalização autista e absurda.

Mas por estranho que pareça, a culpa não é só do govern, ao que parece desta vez não o culpo... Só a ele.

Mas também ao monte de imbecis que com a hipótese de dar a sua opinião na decisão deste assunto, optaram por não se aborrecer com essa maçada de dar opinião...
Sim, é verdade! Não se lembram?

O Referendo sobre a Despenalização do Aborto foi em 28 de Junho de 1998, e o Não ganhou por 50.8%, a abstenção, nem vale a pena mencionar.

O sector do Não, fez um movimento de incentivo à participação e viu-se no que deu.

Como sempre a praia foi a melhor opção, a mais viável nesse dia. Dessa vez só se poderia atribuir a culpa aos bons dos Portugueses que têm instituições democráticas para nem sequer se preocupam em participar das decisões, mas viva a Democracia!

Agora sobre a nossa presente situação, o barco da organização holandesa «Women on Waves» deverá chegar a Portugal no domingo e ficará ao largo da costa portuguesa até 12 de Setembro.

Como sempre e para não fugir à tradição de autismo, o nosso bom ministro da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, já se manifestou: "caso entre em águas nacionais, respeita a legislação portuguesa ou agiremos se for desrespeitada".

Eu como cidadã portuguesa faço a seguinte pergunta:
- O Sr. Ministro defende assim tão veemente, as nossas águas das invasões diárias dos pescadores espanhóis que continuam a pescar na ZEE (zona económica exclusiva)? Ou deveremos ser mais permissivos nessas situações que afectam as economias familiares dos pescadores portuguesas?

Não será degradante o suficiente, proceder a uma identificação das mulheres que têm de recorrer a esta iniciativa?
Sim porque ao que parece, os navios são obrigados a comunicar quem embarca e desembarca – por questões de segurança!!!!

A bordo do Aurora vão estar dois médicos e uma enfermeira para assegurar que tudo corra bem. Não vai ser como nas casas das senhoras que fazem abortos, muitas nem conhecimentos, nem condições têm para conduzir um aborto.

O Aurora, e as mulheres que nele embarcarem serão criminosos, apesar de os abortos serem realizados em águas internacionais para nem sequer colidir com a legislação e soberania portuguesa.

A injustiça tem que acabar!

Os nossos governantes não evoluem mais do que se vê, e vós leitores?

Haverá alguma esperança para esta nação ou posso esquecer qualquer hipótese de mudança neste 'cú da Europa'?

Desta vez mesmo muito furiosa,

Letra Negra

4 comentários:

Politikus disse...

Sinceramente acho a questão do aborto uma hipocrisia por parte dos governantes, pois todos sabem,- concorde-se ou não - que é impossível anular o aborto, logo o melhor que tinham a fazer é legaliza-lo de modo q fosse feito da melhor maneira. PS- Não sou a favor do aborto massificado, apenas em certas situações...

Luís Pina disse...

tenho pena pelo que se passou na altura da decisão sobre o aborto. mas isso são águas passadas, e apenas demonstrou a capacidade do povo português. talvez a vinda deste barco venha a ser ainda mais útil, re-acendendo as questões que envolvem o aborto... ou talvez passe desapercebido ao cidadão comum português (o que é mais provável)...

Anónimo disse...

A questão do aborto é muito complicada e cheia de ramificações. Eu pessoalmente sou pro-vida e votei não em 1998. A lei portuguesa permite o aborto em três situações: perigo para a mãe, perigo para o feto e violação. Não vejo nenhuma situação fora destas três em que seja ético para mim a permissão de um aborto. O que falta não é a liberalização total do aborto, falta é uma certa elasticidade e rapidez para que situações do foro psicologico e económico sejam consideradas como perigo para a mãe ou feto (agora são apenas consideradas as fisicas).
Quanto aos abortos clandestinos e perigosos, também não me parece que terminem só por liberalizarem totalmente o aborto. E a vergonha de ir ao hospital ou médico de família pedir esta intervenção? E as listas de espera? Depois entravamos em situações ridiculas de já não se poder fazer o aborto por já terem passado as 12 semanas.
Como disse no inicio é uma questão muito complicada para qual convém olhar mais longe do que o sensacionalismo dos nossos telejornais.
Não esquecer ainda a falta que faz uma verdadeira educação sexual, quer seja em casa ou na escola. Como é possível que a maior parte das mulheres não conheça sequer a pilula do dia seguinte e que tantas meninas ainda acreditem que na primeira vez não se engravida?

Anónimo disse...

esqueci-me de assinar... Morgy