O meu ultimo post, sobre o assunto do navio holandês Aurora, recebeu um comentário por parte de uma defensora do Não algo pertinente. O que eu achei muito positivo, visto isto ser um espaço de livre discussão e exposição de ideias.
Não que eu tenha adoptado a facção do Não, mas gostei de ver tão bem esclarecidas e defendidas as suas razões de existência.
Durante uns momentos, quando assisti à notícia, pensei: Afinal a Democracia ainda é apenas um ideal utópico.
O Aurora já passou por vários países na Europa mas teve sempre a preocupação de averiguar e não colidir com o direito nacional dos países visitados. Mas em Portugal, não foi o suficiente.
Portugal tinha que ser um país de excepção, o governo interditou a sua entrada e considera que o Aurora representa uma ameaça à saúde pública quando estacionado em águas territoriais portuguesas. Que questão grave de saúde pública faz com que o governo impeça um barco de atracar?
A inexistência de tolerância pela pluralidade das ideias?
A iniciativa da organização Women on Waves incluia espaços de informação pública, esclarecimento e divulgação desta opção.
O real problema é, a tal substância abortiva que o Aurora transporta a bordo. Interessante...
Não passam dessas 'coisas' nas nossas águas, nem perto!
Mas houve um outro fundamento para a questão da saúde pública. O barco é uma unidade de saúde móvel não certificada pelas autoridades de Saúde portuguesas... Isso quererá dizer que as autoridades de saúde holandesas são diferentes e regem-se por princípios que não a saúde?
Foi alegada outra justificação para proibir a entrada e atracagem do navio:
O secretário de Estado para os Assuntos do Mar, Nuno Fernandes Thomaz, disse:
"É uma questão de legalidade e não de moralidade. Aceitar que terceiros viessem violar a nossa lei tornaria para nós mais difícil exercer a autoridade com os portugueses",
Bolas que maçada, fazer um novo Referendo?
Ter de voltar a insistir que não se deve despenalizar, voltar a informar e perder tempo e dinheiro com campanhas?
Se nem o nosso Jorge 'Almighty' esteve para nos aborrecer com eleições para escolher um novo governo, a questão do barco do Aborto não levaria a uma situação diferente.
Nada como dar a sensação que estamos num país sem qualquer tipo de direitos, liberdades de expressão e de escolha.
Pois é verdade.. mas nós cá somos mesmo assim para as pessoas estrangeiras com ideais progressistas.
Os verdadeiros terroristas têm direito a grandes ovações, apoio político, um cabaz com tudo o que é bom para a saúde.
É uma vergonha mas é este o estado da nossa democracia.
Um resto de bom fim-de-semana,
2 comentários:
Talvez os senhores que governam este Portugal também sofram do mesmo problema das pessoas a quem lhes é dado algum poder: fecham a mente. Tanto, que invocam razões perfeitamente descabidas para impedir que o Aurora entre em águas portuguesas, tratando o barco como um petroleiro e a tripulação como terroristas. E o nosso sistema de saúde pública permite-nos exigir mais que os outros países em que este navio atracou?
Pelo menos já causou algum impacto na opinião pública. Mas ainda não o suficiente para se repensar a questão do aborto.
apesar de ser a favor do não acho totalmente descabida esta decisão de o navio não poder atracar em portugal. pelo menos no navio as mulheres teriam aconselhamento, condições médicas e informação, e chateia pensar que se calhar há para aí outros barcos onde parteiras fazem abortos a qualquer miúda que apareça e sem quaisquer condições... por outro lado não deixo de pensar que sucesso teria este barco nas nossas águas... afinal todas têm de deixar nome e identificação para entrar no barco...
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