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segunda-feira, outubro 04, 2004

5 de Outubro - Implantação da República



Saudações caros amigos leitores e comentadores!

Sabia que amanhã era feriado. Mas como não me é invulgar, não sabia qual a comemoração que se fazia nesta data. Algumas datas sei mas esta, confesso que não me recordava.
(Desculpem a sinceridade mas só assim pude fazer o post que hoje vos trago.)
Tomada também pela minha típica curiosidade, decidi averiguar todo o contexto da data 5 de Outubro de 1910...

5 de Outubro de 1910

- Pontapé no rabo do Rei D. Manuel II -
Instauração da República e constituição do Governo Provisório a que preside Teófilo Braga..


O dito pontapé foi tão grande, ou tão pequeno, que o Rei foi parar ao exílio em Inglaterra.
D.Manuel II não deve ter ficado muito aborrecido. Afinal o cargo de Rei não foi algo para o qual estava preparado.
Para os que não se lembram (eu inclusive), D. Manuel II subiu ao trono na sequência do regicídio do seu pai, o rei do Carlos, a 1 de Fevereiro de 1908.

Portugal no início de século XX fervilhava com os ideais republicanos que viriam a culminar na sua implantação da República.
Toda a Europa ainda era maioritariamente monárquica. Fomos pioneiros nas lides da libertação da autoridade de Reis. Mas como em todos os processos de mudança aproximavam-se períodos conturbados para os quais a jovem República Portuguesa ainda não estava bem preparada. Desde a sucessão de governos a um ritmo imprevisto, passando pela fragmentação partidária, aos primeiros sinais de anarco-sindicalismo, e não esquecer, as múltiplas tentativas de Restauração da Monarquia, a vida da jovem República Portuguesa não foi pacífica.

Pela primeira vez foram dadas ao povo direitos e liberdades, de associação, de expressão, direitos eleitorais, mas não a igualdade social. Nunca foi conseguido encontrar meios para eliminar as precárias condições de vida da grande massa da população, extremamente pobre e com elevado nível de analfabetismo.

A dificuldade em solucionar questões sociais e a inevitabilidade do fluxo constante de emigrantes (para o Brasil e para os Estados Unidos, principalmente), despovoaram áreas extensas do país e teve reflexos negativos sobre a economia.

Mas um último facto agravou a débil situação portuguesa - a Primeira Guerra Mundial.
Portugal participou numa iniciativa de salvaguardar e defender as colónias ultramarinas.
O resultado desta investida teve um saldo muito negativo para a economia e vidas dos portugueses que foram obrigados a participar na guerra sem qualquer tipo de preparação prévia.

Foi inevitável o descrédito em que caiu a República que acabou por ser convertida no regime Salazarista, com menos direitos, menos liberdades mas maior calmaria e segurança e resistência a factores externos como a II Guerra Mundial.

O cenário da Primeira República assemelha-se à situação actual, não de uma maneira tão radical, mas reparem:
as desigualdades sociais agravam-se, o índice de pobreza extrema é cada vez mais elevado, a opção pela emigração cada vez mais viável.

O que virá depois?

Um novo regime autoritário de Extrema-Direita?

Esperemos que não, mas nunca se sabe...

A pergunta que vos deixo hoje é:
94 anos depois da revolução que deu à luz a primeira República em Portugal, o que é que evoluímos em termos sociais?

Um bom feriado para os que trabalham hoje dia 4 e uma boa continuação de férias para os privilegiados que não contribuem para as taxas de produtividade nacional

A comentadora da desgraça, hoje convertida em comentadora histórica

Letra Negra

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