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sexta-feira, setembro 03, 2004

Discutir sem decidir?

Boas tardes caros amigos leitores e comentadores!

Ao que parece devo ser das únicas pessoas que acha que este caso do "barco do aborto" só veio demonstrar que quem realmente manda alguma coisa neste país é a extrema-direita.
É simples.
O caso foi desde o primeiro instante controlado pelo senhor Ministro de Defesa e dos Assuntos do Mar - Não precisamos de invocar o nome desse senhor.
A noção de respeito pelas hierarquias não deve ser disciplina forte do senhor que interditou, e resolveu muito rapidamente a situação sem consultar a autoridade máxima desses assuntos a nível nacional, ou seja o Presidente.
Agora surge a questão, é isto, proactividade ou desrespeito?
Nem uma nem outra. O próprio Primeiro-ministro alega que não incomoda o Presidente com todos os assuntos, só com os que acha pertinentes a acção do Presidente.

Ok..
A ver se eu percebi - e vós desse lado do monitor digam se estou a incorrer em erro - as atitudes tomadas durante este processo, que ainda não acabou, são para ser geridas por que órgão da soberania?
Como isto é um assunto de respeito, ou desrespeito pela soberania nacional deve ser tratado com o Presidente e restante governo, certo?
Como problema de saúde pública, deveria ser tratado com o Ministério da Saúde, e institutos afins, certo?
Então porque é que foi um senhor de extrema-direita que, por acaso é ministro da defesa e assuntos do mar, a resolver o caso à sua maneira muito sui generis?
A embarcação Borndiep que continua ao largo da Figueira da Foz, está a ficar sem combustível nem mantimentos.

Depois vem o Primeiro Ministro, não tão à Direita como o Ministro dizer que devemos ser tolerantes e que é muito saudável discutir este assunto e provavelmente falaremos deste assunto assim que começar o ano legislativo…
Declaração que mudou em 24 horas de contornos agora só vai ser debatido na próxima legislatura, ou seja 2006.
Em resumo, falem praí à vontade o que entenderem que o assunto está arrumado até 2006!

Que mentalidade tacanha.
Toda a sociedade civil pretende que seja tomada uma atitude. Afinal, e como o Primeiro-ministro disse: «as leis não são estáticas».
Pois mas não me parece que o processo de evolução e mudança seja muito célere para este governo.
Seja como for, cerca de 70 mulheres já fizeram pedidos à organização do Women on Waves para realizar a tão delicada interrupção voluntária da gravidez.

Mas a tendência é para o assunto morrer na praia e as pobres mulheres portuguesas que se vêm obrigadas a recorrer a esta solução verem a sua situação absolutamente estagnada.
Numa das minhas utopias, desenvolvia-se um método de contracepção simples, de distribuição gratuita e o aborto só seria possível se a vida da mãe e do feto estivesse mesmo em risco. Poderia ser algo semelhante a um “interruptor” que impediria todos os processos de fertilidade no corpo humano e só seriam activados quando a opção de reprodução fosse viável segundo consciência da mulher
Eu disse que era utópico, não disse?
E sabeis o que é a utopia?
É algo que ainda não teve lugar para se realizar.

Bom fim-de-semana!

Letra Negra

3 comentários:

Politikus disse...

Já escrevi um post acerca desta matéri, devo-te dizer que cheguei à conclusão que não existe coragem política para mudar as coisas...

Bartsky disse...

O que é mais estranho não é ser a extrema-direita a mandar. É ela ser representada por um partido sem expressão eleitoral significativa que, por estar dentro de uma coligação, consegue impor ao país regras e princípios que este não escolheu.
Mas, igualmente grave, é que, à hora a que escrevo, o barco está atracado em Espanha. Estes radicais de direita estão a submeter o nome do nosso país a um ridículo que apaga sucessos nacionais como a realização do Euro ou a Expo.
http://desiludidos.blogspot.com

Luís Pina disse...

sem dúvida, a extrema direita está a tratar deste assunto ao negar completamente a entrada do navio em Portugal. Talvez houvesse mais formas de "manter a soberania nacional" sem tomar tais atitudes.