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quarta-feira, setembro 01, 2004

Encerrado ou limitado?

19 Milhas de distância e sem desordens públicas em solo nacional, a questão do Aborto, continua a levantar muitas ondas.
Corvetas da marinha são uma constante. Mesmo em águas internacionais são uma presença intimidativa ao navio e restantes barcos que ousem aproximar-se.
Não admira que no site Women on Waves a pergunta que surge seja Is this a WAR?"

Tem todos os contornos disso, mas depois ouvem-se as declarações...

"Do ponto de vista do Estado o assunto está encerrado", afirmou o ministro Paulo Portas.
Quem mais se pronunciou a não ser a ala mais à direita deste governo de coligação?
Porque é que o Primeiro-ministro Santana Lopes, e o Presidente Jorge Sampaio, não emitem uma declaração pública sobre este assunto?
O nosso Jorge ‘Almighty’ que (caso os meus leitores não saibam) é o Comandante Supremo das Forças Armadas, tem usado prudência (?) e diz que, não tem informações suficientes para fazer declarações. Já pediu a Santana Lopes um dossier detalhado mas sem deter todas as informações, não emite a sua opinião, apesar de ter já manifesto que não está descontente.

Mas não ficam por aqui as declarações. Passamos para uma outra, esta referida por Paulo Portas, na edição da noite de 30 de Agosto no Noticiário da TVI, e disponibilizada no site Portugal Diário:
Portas acusa a “Women on Waves” «de incitar a actos que, em Portugal, são criminosos», e compara a entrada do barco holandês ao «tráfico de droga, pesca clandestina ou imigração ilegal». «Não é um navio estrangeiro, seja ele qual for, que vem ensinar os portugueses o que devem discutir, quando devem discutir e porque é que devem discutir», alega.

A resposta da organização:
«Paulo Portas não parece querer ouvir que o navio nunca teve nem tem a intenção de distribuir medicamentos em Portugal. A Women on Waves não está a incitar qualquer crime em Portugal»
Será que o arrogante do Sr. já se apercebeu que existe uma diferença conceptual e legal entre Portugal e Águas Internacionais? Ou será que ele não entendeu bem as expressões “Não” e “Em Portugal”?

O meu comentário sobre estas declarações:
É muito melhor, mais conveniente, deixar estes assuntos indigestos longe do pensamento do povo português, e continuar na boa tradição portuguesa de "Não sei de nada, eles que decidam!" Mas eu não participo desse ideal, e creio que uma boa faixa de pessoas interessadas, já nem se recordava bem deste assunto. E agora que nos refrescaram a memória, vamos lá ver o que é que se passa nesta terra para existirem tantas jovens mulheres que não estão minimamente esclarecidas sobre meios anticoncepcionais.

Creio que o objectivo primário da visita da organização está a ser conseguido. Relembrar, debater e tentar entender os factos sobre o assunto Aborto. É urgente debater-se este assunto. Portugal continua a apostar na penalização criminal das mulheres que tenham optado pela interrupção voluntária da gravidez.
Em resumo, continuamos a ser os mais atrasados dos atrasados da Europa.
Eu acho muito triste uma mulher ter que optar pela via do aborto.
Não é uma decisão que se tome de ânimo leve. Mas agora como todo o mediatismo, não sei até que ponto, alguma mulher vai conseguir enfrentar todas estas barreiras para não condenar a sua vida, e a vida de uma potencial criança que poderia ser muito infeliz.
O que é que vocês acham?
Gostava de ler as vossas opiniões.

Até à próxima oportunidade.


Letra Negra
* - Segundo artigo 137º a) da Constituição da República Portuguesa

5 comentários:

Luís Pina disse...

Eu acho que estao a ser tomadas medidas excessivas face à ameaça que o navio apresenta. De facto, com estas medidas o governo apenas conseguiu chgamar mais atenção sobre este assunto tão "indegesto", tendo um efeito contrário ao pretendido. Se o "Aurora" entrasse, e tudo corresse normalmente, talvez até houvesse apenas uma ou outra notícia que estava cá e a nossa típica mentalidade portuguesa depressa esquecia o assunto. Ou talvez não. De qualquer forma, veio levantar questoes antigas. Será altura de as voltar a debater?

morgy disse...

tipo... a melhor forma de assegurar que toda a gente sabe, discute um assunto é proibi-lo...

Anónimo disse...

Penso que este tema complexo merecia um debate sério e não as figuras tristes a que estamos a assistir. Como é que alguém como o Paulo Portas se pode armar em guardião da moral e dos bons costumes? É só hipócrisia!!!
http://estoufarto.blogs.sapo.pt/

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Politikus disse...

Hipocrisia política... maior é o cego, que não quer ver.